Dia sombrio...
Chuvoso...
Não era para meus pneus estarem derrapando, mas estavam vazios....precisava calibrar e só percebi isso no
meio da ponte Costa e Silva...
Desci na Brasil...já era...
O único posto de gasolina entre a descida da ponte e a minha entrada da linha amarela é aquele...
Justamente aquele...
Parei e não tinha calibrador...a resposta do único frentista foi curta e grossa...
Voltei pro carro...ferrou, vou com os pneus descalibrados até JPA...
Nada....antes disso aquela visão de dois caras estranhos, numa moto, contornando meu carro....
Estranho...
Param ao meu lado e me mostram, pelo janela da porta eu vejo....brilhando...coronha enferrujada e um cano longo...
De repente aquele cheiro de pólvora e numa fração de segundos o cano, ainda morno, na minha têmpora esquerda...
Rezo...
E ao mesmo tempo que rezo, vejo minha família, minha vida, meu passado...
Em branco-e-preto...
Escuto relógio e carteira...rápido porra...!
Retiro isso igual a Flash cruzando a 5ª Avenida...
Botão da bermuda demora....escuto vamo porra!
E aquele morno na cabeça...pressão...pólvora...suor...Deus...
Passo tudo...levarão o carro, me pergunto?...não foi a vez...
Ronco de moto...eles foram-se...
E ficou o vazio...da violência comigo...não levaram essa minha vida nem propriedade maior
Mas foram-se alguns de meus sonhos...
E ficaram os pesadelos de algumas noites, com aquele 38 me separando da outra vida...
Obrigado Senhor...
Escreva sua história na areia da praia, para que as ondas a levem através dos 7 mares até tornar-se lenda na boca das estrelas cadentes. Conte sua história ao vento, cante-a nos bares para rudes marujos, aqueles cujos olhos são faróis sujos, sem brilho. Escreva no asfalto com sangue, grite bem alto sua história, antes que seja varrida na manhã seguinte pelos garis. Abra o peito na direção dos canhões! Suba nos tanques de Pequim. Derrube os muros de Berlim. Destrua as cátedras de Paris.
Patacala
- Lifes Chronicles
- O estudo como um todo me transformou num ser mais cult..., o quartel deu-me algum caráter, algo de austeridade, e bastante disciplina...A vida me transforma, ainda hoje, num ser mais responsável e feliz... Tenho que pôr para fora a historiografia do espaço que me cerca...por mim, por todos que me cercam, pelos alunos e pelos meus amados descendentes... Quem sou eu, afinal? Sou pai, marido, militar, mestre, pesquisador, flamenguista e carioca....um tanto quanto crazy....mas impondo pitadas de juízo e seriedade, e retirando um outro tanto de rock´n roll, atesta-se experimentalmente, probabilisticamente e aprioristicamente que eu sou normal...
Reencontrar e lidar com um mundo de transliteração cerebral....passar e absorver opiniões...dialogar e transformar o abastrato em concreto...idéias...conhecimento...admiração...deve bastar até o fim dos meus dias...
Viajar é preciso....
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Viajar é preciso....
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