Os Estados Unidos contra John Lennon
Um belo e problemático documentário enfocando a face mais politicamente engajada do astro John Lennon, quando junto com Yoko Ono promovia protestos, participava de manifestações, escrevia e cantava músicas contra a guerra do Vietnã e pregava a paz.
O filme trata da reação do governo dos Estados Unidos (representado pela figura máxima da corrupção norte-americana, Richard Nixon) e a perseguição e a investigação promovida pelo FBI contra o casal e a todo o movimento de contra-cultura da época. Segundo a Yoko logo no começo do filme, eles não tinham idéia de como o dossiê do Bureu sobre eles era carregado. Mas embora nunca tenha havido uma repressão direta e franca, houve diversas dificuldades e problemas com a autoridade, principalmente quando tentaram cassar seu visto de permanência no país. A manobra política e interessada, no entanto, foi tão clara e explícita que não houve como, até eles conseguirem o visto permanente, o famoso green card.
Bom. É belo. Pelo trabalho extremamente meticuloso de procura de imagens, reportagens daqueles anos, depoimentos dos ativistas, políticos e artistas que ainda estão vivos. Os diretores (e roteiristas e produtores) David Leaf, John Scheinfeld partem da história e das atitudes de Lennon para montar um painel geral do sistema político de Nixon e dos movimentos de contestação em geral. Mas é claro! e inevitável a comparação imediata com o atual governo George Bush, inclusive as semelhanças são tão próximas que até assusta. Com a diferença de o atual não está passando por nenhuma crise como a do Watergate...
A fotografia é espetacular, os efeitos visuais são tremendos, e a direção ligeira faz com que assistamos o documentário com grande atenção e gosto. Além do que, a trilha sonora é da mais alta qualidade, obviamente.
E há os problemas. Não há como evitar a sensação de que essa ligeireza afeta a percepção dos autores e conduza a conclusões no mínimo 'rápidas'. Tendencioso talvez seja uma boa palavra. O filme está impregnado com a certeza absoluta de que as palavras e atitudes de John Lennon provocavam calafrios no governo a ponto de quererem expulsá-los do país. Uma cena emblemática neste sentido é quando mostram da prisão de um importante ativista e de um concerto de rock realizado para pedir sua libertação, onde Jonh não só compareceu, mas apresentou uma música inédita, feita em homenagem ao ativista, com o seu nome como refrão. No dia seguinte, ele foi solto. O didatismo e a edição são absolutos: prisão, protesto de Lennon, soltura do preso. Independente da veracidade dessa força política do cantor (pode até ser verdade, mas o filme não dá todos os elementos para validar isso; não basta a pura afirmação), esse é o eixo que movimenta toda a argumentação do filme: Lennon era um perigo absoluto para os Estados Unidos e por conta disso o FBI se mexia.
Escreva sua história na areia da praia, para que as ondas a levem através dos 7 mares até tornar-se lenda na boca das estrelas cadentes. Conte sua história ao vento, cante-a nos bares para rudes marujos, aqueles cujos olhos são faróis sujos, sem brilho. Escreva no asfalto com sangue, grite bem alto sua história, antes que seja varrida na manhã seguinte pelos garis. Abra o peito na direção dos canhões! Suba nos tanques de Pequim. Derrube os muros de Berlim. Destrua as cátedras de Paris.
Patacala
- Lifes Chronicles
- O estudo como um todo me transformou num ser mais cult..., o quartel deu-me algum caráter, algo de austeridade, e bastante disciplina...A vida me transforma, ainda hoje, num ser mais responsável e feliz... Tenho que pôr para fora a historiografia do espaço que me cerca...por mim, por todos que me cercam, pelos alunos e pelos meus amados descendentes... Quem sou eu, afinal? Sou pai, marido, militar, mestre, pesquisador, flamenguista e carioca....um tanto quanto crazy....mas impondo pitadas de juízo e seriedade, e retirando um outro tanto de rock´n roll, atesta-se experimentalmente, probabilisticamente e aprioristicamente que eu sou normal...
Reencontrar e lidar com um mundo de transliteração cerebral....passar e absorver opiniões...dialogar e transformar o abastrato em concreto...idéias...conhecimento...admiração...deve bastar até o fim dos meus dias...
Viajar é preciso....
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Viajar é preciso....
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